SCHOPENHAUER e a motivação
GLEISY PICOLI
Resumo: Esta comunicação pretende estudar uma das três formas do princípio de causalidade schopenhauriano, a teoria da motivação, com o intuito de caracterizar a posição de Schopenhauer frente à questão da liberdade da vontade. Mais precisamente, almejamos analisar os argumentos utilizados por Schopenhauer no ensaio Sobre a liberdade da vontade2, com enfoque na motivação referente aos
Homens, para refutar a hipótese da existência do livre-arbítrio3. Para tanto, inicialmente, traremos à tona os argumentos que elucidam a exata noção schopenhaueriana de livre-arbítrio, pois é com base nela que, a seguir, prosseguiremos o nosso propósito em busca dos argumentos que a rejeitem.
Palavras-chave: liberdade, livre-arbítrio, causalidade, motivação, necessidade.
O que Schopenhauer entende por livre-arbítrio? Para compreendermos esta noção, devemos, antes, conhecer o conceito schopenhaueriano de liberdade, visto que é deste último que a primeira deriva. E quanto à liberdade, Schopenhauer diz o seguinte: “O conceito de liberdade,
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Esta pesquisa é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
São Paulo (FAPESP) e orientada pelo prof. Oswaldo Giacóia Junior, professor do
Departamento de Filosofia da Unicamp.
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Utilizaremos este título para fazer alusão ao ensaio original: ÜBER DIE FREIHEIT
DES WILLENS.
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O termo schopenhauriano mais apropriado para este tipo de alvedrio é liberum arbitrium indifferentiae (liberdade de indiferença), ou mesmo, liberdade da vontade.
Mas como a expressão mais convencional, nesse caso, é ‘livre-arbítrio’, por vezes, utilizaremos tal expressão.
Gleisy Picoli
considerando-o com exatidão, é um conceito negativo. Com ele, só representamos a ausência de qualquer impedimento e de qualquer obstáculo”4. Mas, normalmente, a primeira idéia que nos vem à mente quando falamos em liberdade é considerá-la como um predicado da essência animal, cujo