Schleicher, a linguística histórica
August Schleicher, 1821–1868, foi um linguista alemão cuja obra marca uma reviravolta radical nos desenvolvimentos da gramática comparada. Seu trabalho mais importante é o “Compendium der vergleichenden Grammatik der indogermanischen Sprachen”, a gramática comparativa das línguas indo-europeias.
Síntese das concepções linguísticas de Schleicher:
1. Suas hipóteses baseiam-se em duas grandes “ideias”: a de Ursprache e a de Stammbaumtheorie.
2. A ideia de Ursprache define, em síntese, a reconstrução do indo-europeu como “língua primeira”, recusando o postulado da gramática comparada, segundo o qual o sânscrito constituiria a “língua mãe” de todas as línguas europeias.
3. A ideia de Stammbaumtheorie introduz o esquema da árvore genealógica em linguística, a partir da figuração explícita das ligações entre “língua mãe” (análogo ao tronco de uma árvore) e das “línguas filhas” (assimiladas aos galhos).
4. O princípio de criação da árvore de filiações genéticas entre línguas procede provavelmente de uma transposição das representações naturalistas aos domínios da linguística histórica, sob a influência das linhas de evolução de Haeckel e Darwin.
5. Em relação aos comparatistas da geração precedente, Schleicher radicaliza algumas de suas posições teóricas, uma vez que para ele, a cientificidade da linguística resulta de seu pertencimento às ciências naturais.
6. Um de seus objetivos era subdividir a ciência da linguagem em quatro vertentes (capazes de considerar, cada uma a sua maneira, a originalidade de cada língua), a saber: teoria do fonetismo, teoria da forma das palavras (ou morfologia), teoria da função e teoria da estrutura das frases (sintaxe).
7. Scheleicher não esboçou, em nenhum momento, um lugar para a lexicografia nas vertentes da linguagem, pois para ele o dicionário é “em sua própria ordem, inteiramente extra científico e desempenha somente um papel prático”.
8. As línguas são tratadas como organismos naturais