Saúde e religião
Dr. Claudio Luiz Lottenberg, oftalmologista e presidente do Einstein, durante uma entrevista comentou fatos interessantes como os diferentes conceitos de morte, a relação dos judeus com a saúde, o desafio das doenças crônicas e a importância da espiritualidade para a qualidade de vida das pessoas. O médico também falou sobre uma espécie de preconceito da classe médica em repercutir essas questões.
A religião pode influenciar na saúde das pessoas?
A religião talvez seja um exercício importante para estimular as mecânicas da fé, embora a fé não necessariamente derive apenas da religião. Eu acredito que a fé, como sentido construtivo, positivista, atua na estruturação psicológica e tem um papel importante, já documentado cientificamente. Eu não diria que a religião per si pode influenciar na saúde, mas a fé pode ter aspectos positivos que oferecem mais equilíbrio e bem-estar, além de uma recuperação mais rápida e objetiva.
Por que o senhor, enquanto médico, se interessa por essa questão?
Fui um pouco instigado a participar deste debate, talvez por causa das manifestações que faço em nome da área em que atuo, que é saúde. Eu sempre evoquei a minha ligação com a cultura e a tradição judaica. Evidentemente, dentro dessa cultura e dessa tradição temos um campo muito amplo relacionado à religião judaica. Eu procurei me aprofundar e acho que trouxe uma contribuição produtiva, porque isso começou a ser debatido de maneira mais livre. Acho que muitas vezes nós médicos temos muitos preconceitos com relação a determinados assuntos. Como se quiséssemos uma explicação científica para tudo. O raciocínio cartesiano é muito lógico na sua explicação. Por outro lado, o próprio Descartes era profundamente religioso. Ele vivia um conflito muito grande. Como explicar Deus? Deus é algo que você não consegue explicar. Então eu acho que era necessário tentar juntar essas situações que, de certa maneira, conspiravam para eu poder começar a