Saudosa Maloca
João Rubinato nasceu na cidade de Valinhos, mas faleceu onde fez sua história prevalecer: São Paulo. Essa história, porém, foi escrita com outro nome. João virou Adoniran Barbosa e se tornou um dos maiores ícones do samba paulista.
Além de sambista, foi humorista, radialista, ator e figurante. A versatilidade também se apresentava em suas letras descomplicadas e de fácil diálogo com a massa. Adoniran era do povo e da boemia. A noite fazia parte da vida e da carreira do compositor de canções como “Joga a Chave” – música escrita após um dia de discussões com a mulher por ter chegado tarde e sem a chave de casa, obrigando-a a acordar para abrir a porta.
Seu primeiro – e maior – sucesso, porém, foi “Trem das Onze”. Sim, Adoniran era o filho único que tinha sua casa para olhar, como ele diz na letra da música que mostrou seu talento como compositor para o país inteiro. Digo “como compositor” e não “como cantor” por um simples motivo: a canção, na época, fez mais sucesso quando foi regravada pelo grupo Demônios da Garoa. Isso, obviamente, não tira os méritos de Adoniran que, posteriormente, viria a ser reconhecido como um artista completo por essa e muitas outras brilhantes composições.
Adoniran e São Paulo tinham tudo a ver. Em muitas de suas letras, o pai do samba paulista citava bairros e localidades marcantes da cidade. Uma das músicas, inclusive, tem o nome de “Viaduto Santa Efigênia”, um dos cartões postais do Centro. Corintiano, o compositor declara seu amor pelo time de maior torcida do estado na música “Coríntia (Meu Amor é o Timão)”, letra em que também são citados diversos lugares como, por exemplo, Tatuapé, Tietê, Guarulhos, Mooca e Itaquera, assim demonstrando sua paixão pelo estado e pelas coisas que nele existem.
Apesar de ser um boêmio nato, Adoniran Barbosa sempre foi um ótimo pai e marido. Casou-se duas vezes. A primeira foi com Olga Krum, mulher que concebeu sua única filha, Maria Helena Rubinato. Depois de sete anos de casamento,