Saude
Incontinência fecal
Faecal incontinence
Lúcia de Oliveira Titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia; Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões; Chefe do Serviço de Fisiologia anorretal da Policlínica Geral do Rio de Janeiro; Doutoranda da Universidade de São Paulo
A incontinência anal é uma condição de etiopatogenia e mecanismos complexos envolvidos. Sua incidência exata na população é ainda desconhecida, porém estima-se que esteja entre 0,1 a 5% dos indivíduos. A incontinência pode ser definida como a perda do controle esfincteriano ou como a inabilidade de se postergar uma evacuação em situações em que socialmente não estamos em condições adequadas para tal, resultando na perda inesperada de gás, fezes líquidas ou sólidas, em indivíduos acima de 4 anos. Em um estudo envolvendo uma comunidade de 2.570 idosos, Nelson et al. observaram uma incidência de 2,2% de incontinência. Entre estes, 30% tinham mais de 65 anos e 63% eram mulheres; 36% dos pacientes eram incontinentes para fezes sólidas e 60% para gás. Em outro estudo prévio, com características similares, Johansen e Lafferty notaram que a incidência da incontinência aumentava progressivamente com a idade e que apenas 34% dos indivíduos tinham relatado tal queixa para o seu médico. Esses autores demonstraram que a incidência de incontinência é, sem dúvida, subestimada e, em parte, isto se deve à dificuldade dos pacientes em relatarem seu problema. A incontinência anal é infelizmente um problema social e médico com grande impacto socioeconômico: representa na América a segunda causa de hospitalização de idosos em asilos e casas para idosos, com uma despesa de mais de $400 mil em fraldas e absorventes geriátricos! O mecanismo complexo da continência anal depende da ação integrada da musculatura esfincteriana anal e dos músculos do assoalho pélvico, da presença do reflexo inibitório reto-anal, da capacidade, sensibilidade e complacência retal, da consistência das fezes e,