SAUDE MENTAL TRABALHO
INTRODUÇÃO
A compreensão da loucura pela sociedade e pela ciência experimentou muitas transformações ao longo dos anos, com significados e interpretações diversas no imaginário social. Passou-se de uma era mágico-religiosa, com possessões demoníacas, à mercê do sobrenatural e dos castigos divinos, para a era moralista e higienista com o isolamento e tratamento em instituições asilares.
Neste contexto, à família restava a imputabilidade pelo sofrimento psíquico, ora culpada pelo desenvolvimento da doença no "louco", ora afastada para não adoecer, desencadeando o esquecimento, a segregação, o "descarte do louco" e a exclusão social, ambas em defesa da "ciência psiquiátrica".
Família e Psiquiatria/Saúde Mental
Até o século XIV, portanto na pré-modernidade, a família era caracterizada através da linhagem, sendo a primogenitura o seu meio de reprodução privilegiada. Segundo ARIÉS (1978) a família era uma realidade moral e social, mais do que sentimental. Tanto que nesse período, em geral, as crianças eram entregues a mestres de outras famílias estranhas para que melhor se efetivasse a aprendizagem das boas maneiras.
Na modernidade, período compreendido do século XIV à primeira metade do século XX, nasce então, o sentimento de família, tal qual conhecemos até hoje.
No que se refere ao âmbito dos saberes e práticas sobre a pessoa com sofrimento psíquico, psiquiatria/saúde mental versus família são velhos interlocutores que, em geral, até o final da década de 1970 no Brasil, ora se confrontaram, ora se aliaram em nome de uma pseudoterapia: o isolamento do chamado doente mental. Segundo BIRMAN (1978), o confronto instaura-se entre as duas instituições (psiquiatria e família), na passagem do paciente que ameaça a família para a família que propicia a alienação mental e, a superposição dos discursos beneficia a psiquiatria, então ratificadora da disciplinarização da sociedade, que introduziu no discurso