Sapis 2013 Mdrehmer

ÁREAS PROTEGIDAS EM TERRITORIOS TRADICIONALMENTE OCUPADOS: um panorama a partir da Rede Puxirão de Povos e Comunidades Tradicionais
Marina Gomes Drehmer1
Resumo: Este artigo propõe-se a apresentar a Rede Puxirão de Povos e Comunidades
Tradicionais, um espaço de articulação de diversos segmentos tradicionais do estado do Paraná, procurando dar visibilidade a este movimento que nasce da demanda de mobilização diante das tensões sofridas por grupos cuja a invisibilidade social dificultou e ainda dificulta o acesso aos seus direitos étnicos e coletivos. Os segmentos são agentes de distintos conflitos que geralmente envolvem a sobreposição de interesses sobre seus territórios e/ou a criminalização de suas práticas. Em diversos casos, a sobreposição ao território tradicionalmente ocupado está vinculada à implementação de áreas protegidas. Procurando pensar a relação entre as áreas legalmente protegidas e os espaços de articulação dos grupos, apresentamos os segmentos da
Rede que têm relação direta com essas áreas, para, além de ilustrar parte da heterogeneidade de identidades étnicas existentes no contexto do Paraná, discutir o caráter ambíguo das áreas protegidas, que ora se mostram como encubadoras de tensões e conflitos, ora como possível estratégia para assegurar direitos ao território e à territorialidade específica desses grupos.
Palavra-chave: Conservação, Comunidades Tradicionais, Movimento Social, Unidades de
Conservação
APRESENTAÇÃO
Nesse artigo, intenta-se, num primeiro momento, apresentar a experiência da Rede
Puxirão de Povos e Comunidades Tradicionais procurando elucidar o que é, em que contexto se organizou, quais são seus objetivos, quais são os grupos que a compõe, para posteriormente expor a relação desse espaço de articulação e diálogos com a discussão sobre conflitos socioambientais, uma vez que os segmentos que compõe a Rede constituem-se como agentes de muitos desses conflitos. Os conflitos que se agenciam nesse contexto, são, em sua maioria,