Santiago Calatrava
Expoente da chamada arquitetura-espetáculo com seus prédios de vidro e aço que lembram verdadeiras esculturas gigantes, o espanhol Santiago Calatrava, 58 anos, isolou-se dois meses atrás num chalé encravado nos Alpes suíços para debruçar-se sobre seu mais novo e ambicioso projeto: o edifício que, em 2012, abrigará um museu dedicado à ciência e à tecnologia, no Rio de Janeiro. Depois de duas visitas à cidade, mais de 200 desenhos e um disciplinado estudo sobre o movimento das plantas, Calatrava chegou à forma estilizada de um caule recoberto por painéis de aço, que se abrem e fecham como pétalas. Pode-se dizer que o prédio – cujo projeto será apresentado pelo próprio arquiteto na próxima segunda-feira, no Rio – é uma boa síntese de sua obra. Ali, veem-se as grandes dimensões típicas de seus edifícios, os traços inspirados na natureza e a estrutura em movimento, um efeito produzido com base em cálculos milimétricos conduzidos pelo próprio Calatrava. No museu carioca, caberá a um sistema hidráulico, controlado por um sofisticado programa de computador, fazer com que tais placas se movimentem de modo que permaneçam mais tempo na direção do sol e em 90 graus. A ideia é que, assim, elas absorvam a maior quantidade possível de energia para mover a engrenagem. Também engenheiro de formação, Calatrava resume a VEJA: "Para mim, é justamente o rigor da engenharia que alça a arquitetura a um patamar mais elevado".
Os edifícios que levam a assinatura do arquiteto espanhol têm em comum o fato de jamais se integrarem harmonicamente à paisagem – ao contrário, eles sempre chocam. Sua obra está espalhada pela Europa, Estados Unidos, Canadá e Argentina, onde Calatrava ergueu uma das mais engenhosas de suas quarenta pontes. Debruçada sobre o Rio da Prata, em Buenos Aires, a estrutura foi projetada para girar em torno de um único eixo fincado sob as águas, de maneira a abrir passagem para navios de grande porte. Entre seus mais ousados trabalhos,