Sangue sobre a neve
Essas duas partes distintas em que é possível separar a produção se constituem pedaços diversos. A primeira é em si dispensável; apenas num tempo sem tevê a cabo calharia fazer um retrato com cacoete de documentário sobre o povo esquimó – e parece ser essa a intenção do diretor com tal primeiro ato. No entanto, a fragilidade (ou quiçá a falta) de conflito e a forma pouco humana e muito caricatural com que os esquimós são tratados tornam esse episódio quase um fardo ao espectador; é fácil perder a paciência com todas aquelas risadinhas tolas e cenas que não agem a favor da narrativa. Em certo momento, todavia, parece que esse tom equivocado de exagero vai sendo deixado de lado e os personagens ficam mais humanos. É aí que se encontra material interessante; é isso que justifica assistir a Sangue sobre a Neve.
Do ponto de vista narrativo, vale mencionar também a voz em off que volta e meia surge na projeção. Típico artifício utilizado em adaptações literárias, a narração em off é um pecado do qual o diretor não soube escapar. Aqui, esse recurso tem duas funções: explicar particularidades da vida esquimó e explicitar sentimentos dos personagens; ambas agem contra o filme: a primeira é