SANDEL, Michael J. Quem merece o quê/Aristóteles. In: Justiça – O que é fazer a coisa certa
‘‘A justiça envolve dois fatores: ‘as coisas e as pessoas a quem elas são destinadas’ [...] ‘pessoas iguais devem receber coisas também iguais’ (SANDEL, 2012, p. 234). Desenvolve-se assim o exemplo da flauta perfeita. Quem deve ficar com ela? Para Aristóteles cada um recebe o que merece. Mas como saber que a coisa certa está sendo dada para a pessoa certa? Perguntando-se acerca do télos do objeto e que virtudes devem ser honradas.
No caso da flauta, sabemos que seu objetivo é ser bem tocada (télos), pressupõe-se que aquele que deve recebê-la é o melhor flautista. Nesse sentido, entende-se que as coisas são feitas para melhor serem usadas.
Segundo Sandel o raciocínio teleológico não é tão comum atualmente como era no mundo antigo em que acreditava-se que a natureza mantinha uma ordem natural. Deixou-se de acreditar nesta teoria com o advento da ciência moderna, mais nem por isso deixamos de ver o mundo como algo dotado de uma ordem teleológica.
Levando essa discussão para o plano das instituições sociais, questiona-se qual seria o seu télos. Para Aristóteles, a pergunta só seria bem respondida se soubéssemos qual o propósito da justiça.
O autor expõe que o télos da política é formar bons cidadãos e cultivar o bom caráter. A oligarquia e a democracia são rejeitadas por Aristóteles, porque ambos os modos de governo negligenciam a finalidade da instituição política, que é cultivar a virtude dos cidadãos para que todos possam viver uma vida boa. Nesse caso, quem mereceria governar seria aquele que melhor deliberasse sobre esses aspectos.
Aristóteles também fala que uma boa pessoa deve participar da vida política dos