Salário, preço e lucro

Salário, preço e lucro. Karl Marx

As forças produtivas do trabalho crescem e o dinheiro necessário para colocar em circulação a produção crescente varia. Não se pode dizer que o volume de produção é fixo, pois ele aumenta de ano para ano em decorrência das mudanças na acumulação de capital e nas forças produtivas do trabalho. Não se pode dizer também, que o montante dos salários reais (medidos pela quantidade de mercadorias que permitem adquirir) é uma grandeza constante. Mesmo admitindo que o volume da produção fosse fixo, isso não prova que o montante dos salários seja também. Colocando um número fixo para o volume da produção, podemos observar diferentes valores para os salários. Por exemplo, se fixarmos o número 8 e dissermos que em determinado período o lucro foi de 6 e os salários de 2, num outro período pode ocorrer o inverso, o lucro ser de 2 e os salários de 6, e ainda assim, teremos o mesmo resultado como soma nos dois períodos. Se os salários representam algo constante, não podem aumentar nem diminuir. Os capitalistas podem impor uma baixa de salários, mas como a soma dos salários é fixa, os operários reagiram contra essas baixas e procederiam arrancando aumentos de salários. Ou seja, em certas circunstâncias os operários devem lutar pelo aumento do salário. Se houver uma alta nas taxas de salário, esta alta influiria no preço das mercadorias apenas influindo na proporção real entre a oferta e a procura destas mercadorias. Os operários gastam e são “forçosamente obrigados a gastar” sua receita em artigos de primeira necessidade. Se os salários dos operários aumentassem, aumentaria também a procura por artigos de primeira necessidade e um conseqüente aumento nos preços desse tipo de mercadoria. Os capitalistas que produzem artigos de primeira necessidade compensariam o aumento dos salários por meio da alta dos preços daquilo que vendem. Mas e os outros capitalistas? Estes não poderiam compensar a queda na taxa de lucro (devido a alta geral