SALLA
Nos últimos dez anos, têm sido comuns as rebeliões nas prisões brasileiras que deixam um sangrento rastro de mortes entre os presos. Tais mortes não derivam da ação policial de contenção desses movimentos, mas na sua maioria são provocadas por outros presos, em função de conflitos internos, das disputas entre grupos criminosos - relacionar com as primeiras fases do pcc
A hipótese básica neste artigo é de que o Estado, representado pelo corpo dirigente local, não tem mais o controle efetivo da maioria das prisões sob sua responsabilidade, conseguindo assegurar a paz interna somente pela delegação do dia-a-dia prisional às lideranças desses grupos criminosos.
Partindo destes pressupostos e analisando várias rebeliões nos Estados
Unidos, Useem e Kimball adicionam uma importante contribuição para o conhecimento das variações nos tipos de rebelião. Sua análise amplia o antes acanhado campo das explicações relacionadas às privações econômi cas ou então à dinâmica das relações de poder, em direção de um conhecimento mais detalhado do mecanismo de construção das identidades entre os presos para a eclosão desses movimentos e para o seu envolvimento, ou não, com eles. A variedade nas formas que assumem as rebeliões não é passível de explicação apenas pelas disposições dos presos (os processos que envolvem o nível da micromobilização devem ser estudados para se entender porque determinadas preferências acabam resultando em ação), mas também pelas características da instituição, pelas formas de atuação do staff, pelos esquemas internos de segurança, etc. que são aspectos igualmente importantes na produção de um distúrbio ou de uma rebelião.
Esta interessante definição coloca em destaque o ponto central que cabe aqui aprofundar em relação à experiência das rebeliões nas prisões brasileiras, ou seja, tal como as concepções de Sykes, Useem e Kimball,
Adams também dá grande destaque para as rebeliões