Sala de cantinhos
Historicamente, o brincar sempre teve uma grande importância na vida infantil, por proporcionar o encontro com o lúdico e o simbólico. Brincando, a criança exprime suas angústias, elabora conflitos internos e vivencia de forma simbólica o mundo adulto, como forma de interpretá-lo e compreendê-lo melhor. As brincadeiras com carrinhos, bonecas, utensílios similares ao de uma casa de verdade, proporciona a vivência de situações próprias do dia-a-dia infantil e assim, vai resolvendo de maneira gostosa e divertida, todas as coisas que a incomodam. Brincar, portanto, é apropriar-se também da cultura, do folclore e das manifestações da nossa tradição.
O brincar é uma condição inerente à infância, possuindo uma dimensão simbólica e funcional. Pensar o brincar nos remete às mais diversas abordagens, tais como a cultural, educacional e a psicológica. A importância do lúdico no desenvolvimento é consenso entre diversos estudiosos da psicologia infantil. Freud foi o primeiro autor a descrever o mecanismo psicológico do brincar e estudar a vinculação entre a brincadeira e a constituição do sujeito. Sua obra introduz a visão da função simbólica do brincar. Ele apontava que brincando as crianças situam-se na dimensão do sonho, se desenvolvem e se constituem. Na perspectiva da psicologia sócio-histórica de Vygotsky (1989), o jogo aparece como facilitador do desenvolvimento, imaginação e criatividade. Brincando, a criança aprende através de seus processos interativos, recriando a realidade. Imagina situações diversas, representa papéis do cotidiano, as regras e seus conteúdos.
No brinquedo, a criança adquire capacidades para no futuro desenvolver seu nível de ação real e moralidade. Vygostky ainda considera que o brincar deve ser entendido em função das mudanças nos desejos e necessidades da criança que conduzem a ação. Brincando, o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo e descobrir seu eu. A brincadeira permite ir da assimilação e reestruturação