Numa manhã, por volta das oito horas, pontualmente, Carlos parava o break na rua das Flores, diante do conhecido portão da casa do Cruges (conhecido no Ramalhete como “ o maestro “), mas o senhor Cruges já não morava ali. Carlos foi então informado por uma criada que o senhor Cruges tinha ido viver para a rua de S. Francisco. Durante um momento, desesperado como estava, Carlos chegou a pensar em partir sozinho para Sintra. Já na rua de S. Francisco, Carlos esperou durante um quarto de hora, até que por fim o maestro desceu a correr, sendo admoestado, de cima, pela voz da mãe, que lhe pedia para não se “ esquecer das queijadas “. Cruges subiu precipitadamente para a almofada, ao lado de Carlos. Estava uma manhã muito fresca, toda azul e branca, sem uma nuvem, com um lindo sol que não aquecia. O maestro desde os nove anos que não ia a Sintra. Pouco a pouco o sol elevava-se e eles iam vencendo a estrada, acabando por chegar à Porcalhota, onde o maestro ansiava banquetear-se com o famoso coelho guisado. Carlos, para lhe fazer companhia, aceitou apenas beber uma chávena de café. Carlos só pensava no motivo que o levara a Sintra. Havia algum tempo que ele não avistava uma certa figura e que não encontrava o negro profundo dos seus olhos, que se tinham fixado nos dele. Supunha ele que ela estava em Sintra e não esperava nem desejava nada, apenas querendo cruzar-se com ela. Depois de algum tempo de viagem chegaram às primeiras casas de Sintra. Cruges estava desejoso de ficar no hotel Lawrence, mas Carlos, imaginando que aí estaria hospedada a mulher dos seus sonhos e para não dar a entender que andava a segui-la, defendeu que era preferível irem para o hotel Nunes, onde se comia muito bem. À porta do Nunes, Carlos precipitou-se para a entrada, perguntando ao criado se ele conhecia o senhor Dâmaso Salcede, tendo o criado respondido que ele estaria no hotelLawrence. No hotel Nunes, Carlos e