Ryszard kapuscinski - o historiador jornalista
O Historiador Jornalista
A imparcialidade de um jornalista é fundamental para a sua função. Reproduzir em texto uma realidade é tarefa essencial para o trabalho de informador. O Jornalismo Literário fundamenta-se na investigação que atinga todos os factos dessa realidade, não permitindo exercer qualquer acto ficcional na sua narrativa mas, aceitando uma poética na aplicação dos dados. A dificuldade surge quando essa poética se torna em demasia subjectiva e consequentemente envolvida de uma distorção: chamada de ficção. RYSZARD KAPUSCINSKI colocou em causa - possivelmente sem intenção - o debate ideológico entre a credibilidade dos factos e alguma criação ficcional. A causa para esse despertar foi exposta depois da sua morte. Várias foram as biografias exaltando o lendário escritor polaco, todavia, é a obra biográfica de ARTUR DOMOSLAWSKI, «A Sangue Frio: KAPUSCINSKI – Não-Ficção», um dos seus pupilos, que causou mais polêmica. Nela, DOMOSLAWSKI não se apresenta com uma atitude moralista perante as atitudes do jornalista-escritor, demonstra que é necessário contextualizar para compreender e aceitar a legitimidade de RYSZARD. Mas, essa postura não foi evidente para todos aqueles que leram a biografia. Não será difícil considerar que ARTUR pretendia desmascarar - ou contar a verdade, dependendo do ponto de vista – as façanhas e balelas de um dos mais respeitados jornalista de campo. O debate sobre a dúvida de uma existência ficcional no Jornalismo Literário, nas obras de vários escritores praticantes do género, sempre esteve presente e em causa, desde o primeiro exemplar, em 1965 com a obra de Truman Capote «A Sangue Frio» . É velha essa discussão, porém, muito actual, porque o jornalismo ao fazer um recorte breve da realidade – naturalmente que não consegue contar toda a verdade – é ficcional, ou a interpretação dos factos segundo uma repórter da BBC, não serão relatados de mesma forma que o jornalista da RTP. As informações