Sociedade dos Poetas Mortos * Nelson Valente A escola está preocupada em ensinar, e não em fazer o aluno aprender a pensar. A chegada do professor Keating ao internato mexeu com as estruturas da instituição, baseada nos princípios da tradição-honra-disciplina-excelência. Embora ex-aluno da Welton School, Keating professava um estilo dito revolucionário, nas suas aulas de literatura inglesa e no relacionamento proposto aos seus discípulos. O resultado é fácil de imaginar. Esta é a trama central do filme Sociedade dos Poetas Mortos, dirigido por Peter Weir, e que foi um dos premiados com o Oscar da Academia de Cinema de Hollywood. As cenas se passam em 1959 e colocam em evidência os conflitos entre o conservadorismo expresso pela direção exercida pelo anglicano Nolan e o jovem mestre, que entra na sala de aula assoviando a 1812, para espanto dos seus engravatados alunos. Logo depois, manda arrancar as folhas de Introdução à Poesia, de Pritchard , sob a alegação de que era um texto superado. Keating, interpretado pelo excelente Robin Willians, permite que os seus alunos subam nas mesas, joga futebol, com eles, incentiva Neil a ser ator, contrariando o pai autoritário, que o retira da escola, ameaçando-o com uma academia militar:- Você não tem nada que pensar, deixe que o faça por você ! Pressionado e angustiado, Neil se suicida, com o revólver do pai.Foi uma das cenas mais fortes desse filme de altíssima qualidade. Questiona-se até onde deve ir a autoridade paterna, chocando-se com a vocação do filho, este amparado pelo professor compreensivo e amigo. Após o suicídio , a família de Neil processa a escola, responsabilizando-a pelo desvio do jovem adolescente.E é claro que a culpa recai sobre Keating, para quem a verdadeira educação é a que induz o indivíduo a escolher o que gosta, o que está dentro de si, e não o que lhe é imposto. Por isso mesmo, faz da legenda latina carpe diem (aproveite o dia) o seu lema permanente. Quando preciso, as aulas eram dadas no pátio da