Rousseau, o filósofo sempre incompreendido
A chamada Idade Moderna, na Europa, foi vivida sob a égide de dois componentes essenciais e complementares, o Estado absolutista e o mercantilismo. A integração entre esses dois elementos é que dá a significação histórica do período.
A monarquia absolutista, como já sabemos, definiu-se pelo seu próprio caráter social. Tratava-se de um Estado, no qual a velha nobreza feudal encontrava-se protegida por um Estado forte, capaz de garantir suas terras e privilégios, seu poder político e a contenção das revoltas camponesas. Ao mesmo tempo, a sustentação desse Estado dependia da capacidade de manter um exército poderoso, uma administração eficiente e a justiça sob controle. Tudo isso gerava a necessidade de uma arrecadação, capaz de suprir os recursos necessários, à manutenção dessa estrutura. Nesse sentido, a atividade feudal - decadente, mas ainda fundamental - convivia com uma crescente atividade mercantil. Entretanto, deve-se considerar que a agricultura, a atividade feudal, a terra, enfim, estava nas mãos da nobreza, que tinha como um de seus privilégios a isenção do pagamento de tributos. Assim, tudo o que o Estado arrecadasse proviria, necessariamente, da atividade mercantil. Se tomarmos todos os grandes empreendimentos mercantis do período inicial da Idade Moderna - expansão marítima, montagem do sistema colonial, formação de poderosas marinhas mercantes, abertura de estradas, construção de portos, estabelecimento de condições para o tráfico negreiro etc., veremos que todos eles tiveram nas monarquias europeias seu principal agente. Pela primeira vez havia o que se pode chamar de uma política econômica, a qual foi, posteriormente, chamada de mercantilismo. É essa realidade que deu ensejo a um novo movimento cultural, ao qual se deu o nome de Iluminismo. Trata-se de um amplo movimento artístico, filosófico, literário e científico que, historicamente, representa a expressão da época. O próprio