Roteiro do teatro " O GUARANI" Jose de alencar

O Guarani
(Antônio e Aires Gomes entram e se sentam no tronco que servia de banco e começam a conversar em silêncio)
NARRADOR: (Aponta para D. Antônio) D. Antônio de Mariz, fidalgo português de cota d’armas e um dos fundadores da cidade do Rio de Janeiro. Era dos cavalheiros que mais se haviam distinguido nas guerras de conquista, contra a invasão dos franceses e os ataques dos selvagens.
Em recompensa do seu merecimento, o governador Mem de Sá lhe havia dado uma sesmaria na Serra dos Órgãos, perto do rio Paquequer, quando, pois ,em 1582,foi aclamado no Brasil D. Felipe II como o sucessor da monarquia portuguesa, o velho fidalgo embainhou a espada e retirou-se do serviço.
Tomou os seus penates, o seu brasão, as suas armas, a sua família, e foi estabelecer-se naquela sesmaria que lhe concedera Mem de Sá.
Cena 1 - Repreensão
D ANTÔNIO: Em que negues, Aires Gomes, estou certo que és do meu parecer!
(congelam)
NARRADOR: (Aponta para Aires) Aires Gomes, fiel escudeiro e antigo companheiro de D. Antônio na sua vida aventureira; o fidalgo depositava a maior confiança na sua discrição e zelo.
AIRES GOMES: Não digo de todo que não, senhor cavalheiro; confesso que D. Diogo cometeu uma imprudência matando essa índia.
D ANTÔNIO: Dize uma barbaria, uma loucura!... Não penses que com ser meu filho, o desculpo!
AIRES GOMES: Julgais com demasiada severidade.
D ANTÔNIO: E o devo, porque um fidalgo que mata uma criatura fraca e inofensiva comete uma ação baixa e indigna!
AIRES GOMES: Mas é preciso ver que casta de mulher é esta, uma selvagem...
D ANTÔNIO: Sei o que queres dizer; não partilho essas ideias que vogam entre meus companheiros; para mim, os índios quando nos atacam , são inimigos que devemos combater, quando nos respeitam são vassalos de uma terra que conquistamos ,mas são homens!
AIRES GOMES: Vosso filho não pensa assim.
D ANTÔNIO: Conheces bem como eu, Aires, o caráter desses