Rosalind Krauss - Escultura no Campo Expandido
Texto de Rosaline Krauss
Traducao: Ricardo B. Lopes
Editora: doALHO
Escultura no Campo Expandido
ROSALIND KRAUSS O único sinal que indica a presença da obra é uma suave colina, uma inchação na terra em direção ao centro do terreno. Mais de perto, pode-se ver a superfície grande e quadrada do buraco e a extremidade da escada que se usa para penetrar nele. A obra própriamente dita fica assim, abaixo do nível do solo: quase pátio, quase túnel, a fronteira entre interior e exterior, uma estrutura delicada de estacas e vigas. Perimeters/Pavillions/ Decoys, 1978, de Mary Miss é certamente uma escultura, ou mais precisamente, um trabalho telúrico. Nos últimos 10 anos coisas realmente surpreendentes têm recebido a denominação de escultura: corredores estreitos com monitores de TV ao fundo; grandes fotografias documentando caminhadas campestres; espelhos dispostos em ângulos inusitados em quartos comuns; linhas provisórias traçadas no deserto. Parece que nenhuma dessas tentativas, bastante heterogêneas, poderia reivindicar o direito de explicar a categoria da escultura. Isto é, a não ser que o conceito dessa categoria se possa tornar infinitamente maleável. O processo crítico que acompanhou a arte americana de pós-guerra colaborou para com esse tipo de manipulação. Categorias como escultura e pintura foram moldadas, esticadas e torcidas por esse críticismo, numa demonstração extraordinária de elasticidade, evidenciando como o significado de um termo cultural pode ser ampliado a ponto de incluir quase tudo. Apesar do uso elástico de um termo como escultura ser abertamente usado em nome da vanguarda estética — a ideologia do novo — a sua mensagem latente é a do historicismo. O novo é mais fácil de ser entendido quando visto como uma evolução de formas do passado. O historicismo atua sobre o
Mary Miss. Perímetros/Pavilhões/Chamarizes. 1978.
(Nassau County, Long Island, New York)
novo e o diferente