Rosa, minha irmã rosa
A intenção de chamar Lídia à irmã tem a oposição de Mariana, não disposta a partilhar a avó com o mesmo nome, já falecida, uma presença muito marcante na sua vida, assim como de outras figuras femininas da mesma geração, a avó Elisa, a tia Magda, a tia Emília e a prima Isaura, representantes de um mundo em extinção. Dessas figuras e desse mundo surgem histórias fantásticas em simultâneo com as vivências diárias da Mariana, todas contribuindo para a qualificação da narrativa. São as histórias da avó Lídia, os belos sonhos de Mariana, a história do peixe Zarolho e as interpretações da vida e do mundo que enriquecem e apaixonam quem lê e se envolve com a narrativa. A história termina bem, com uma doença súbita de Rosa a permitir a aproximação de Mariana e a consciencialização dos seus pais em relação ao seu espaço na família, de partilha de afectos.
Apresenta uma linguagem rica, com muita fantasia (os sonhos de Mariana são muito interessantes, veja-se o sonho da matemática – cap- 11) e as ilustrações de Henrique Cayatte, no início de cada capítulo, sem constituírem uma narrativa gráfica, tornam o livro mais apelativo. Há conflitos e contradições que reflectem os limites da normalidade, ao mesmo tempo que evitam uma transmissão infantil, sem deixar de se orientar a narrativa para um