Romantismo de Alvares de Azevedo

1617 palavras 7 páginas
“Sonha, poeta, sonha! Ali sentado

No tosco assento da janela antiga,

Apóia sobre a mão a face pálida

Sorrindo - dos amores à cantiga.”

Na história da literatura brasileira Álvares de Azevedo é, sem dúvida nenhuma, uma das figuras centrais e dominantes.

Morrendo muito moço, com pouco mais de vinte anos, e autor a bem dizer inédito, apenas com um belo discurso e algumas páginas necrológicas publicadas, deixava entretanto, no seu rico, tumultuoso e apressado espólio, muitas páginas imortais, livros ainda por ordenar ou terminar, mas que iriam abrir em nossas letras uma fase inteiramente desconhecida.

Aquela quase criança morta, dentro de um ano depois surpreenderia os contemporâneos com uma obra viva e original, que até hoje lemos e relemos com emoção. Machado de Assis, que a viu sair dos prelos, disse dela que “era a boa nova dos poetas”. Sim, a Lira dos Vinte Anos foi de fato isso. Porque veio quebrar os moldes da poesia nacional, interrompendo-a com acentos jamais ouvidos entre nós, como se de repente um pássaro estranho, trazido ás nossas plagas americanas, aqui desesperadamente começasse a desferir um novo e belo canto harmonioso.

Filho atormentado do seu tempo, conhecendo-o e não lhe fugindo aos influxos, tudo que tinha de angustioso, de cético, de irônico, de amargo ou de melancólico, a sua profunda e aguda sensibilidade, irmã gêmea daquelas que expressavam em versos eternos os eternos estados da alma nesse mundo de inquietação e dúvida, absorveu completamente, mas sem perder o próprio cunho e marca pessoal inconfundível.

Gonçalves Dias tinha sido até ali a mais alta expressão da lírica nacional. Mas o extraordinário nos dera a sentir sobretudo vozes graves, compassadas e austeras, vozes antigas e difíceis, vozes clássicas enfim, que nos deixaram a impressão de Sá de Miranda ou Bernardim Ribeiro a decantarem através das nossas terras jovens o sabiá choroso no ramo da palmeira.

Álvares de Azevedo era o grito da libertação, era o

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