romantismo alemão
Rüdiger Safranski – O livro trata da época do Romantismo por volta de 1800, uma das mais produtivas na história da cultura alemã. Foi uma revolução de pensamento – sem revolução política, que não era possível naquela antiga Alemanha. O segundo grande aspecto: a sobrevivência de uma postura mental/do pensar que pode ser chamada de “romântica” e ultrapassa a época do Romantismo. Uma sobrevivência que perdura até o Séc. 20 e que também entrou em ação na Revolução de 68, por exemplo. Romântica é, por exemplo, a exigência levantada em 1968: “Imaginação no Poder!”. O movimento “verde” de proteção ao meio ambiente continua vivo nos dias de hoje devido à tradição do amor à natureza.
CULT – Por que caracterizar o romantismo como uma questão alemã? O senhor aceita a existência de um romantismo inglês, por exemplo?
Safranski – É claro que houve um Romantismo inglês, já em meados do século 18. Romântico era o sentimento profundo pela beleza da natureza, a ideia do “parque inglês”, o sonhar com o passado, a cultura em volta de ruínas, histórias de fantasmas etc. E houve um Romantismo francês, e certamente existe um Romantismo sul-americano: o “Realismo mágico” de Márquez certamente leva traços românticos também. Mas na Alemanha o Romantismo atingiu seu ápice, tornando-se então exemplo em outros países. Mas acima de tudo esse movimento resistiu, e influenciou até os dias atuais, a cultura alemã no bom como no mau sentido. Por isso coloquei o subtítulo “Uma questão alemã” no livro. Para fazer pensar na ambivalência.
CULT – Como o senhor avalia a experiência de conduzir, com Peter Sloterdijk, o programa de televisão O quarteto filosófico? Isso o fez pensar de forma diferente sobre temas clássicos? O senhor defende um engajamento do intelectual?
Safranski – Peter Sloterdjik e eu somos