Romantismo alemão
Como movimento de vanguarda, o romantismo se projeta no futuro, é ruptura, conflito com o presente. E a escrita fragmentária está a serviço dessa mudança, de uma nova estrutura de pensamento, que entra em choque com seus leitores. Leitores que viviam naquele presente, que ainda não estavam preparados, e é justamente esse o conflito típico da vanguarda. Os românticos queriam construir uma nova forma de pensar, e, por conseguinte, novos leitores – não apenas leitores que pudessem apreender tendências futuras, mas que também escrevessem junto com eles. Seus leitores ainda não existiam – poderiam vir a ser, nesse futuro projetado, depois de afetados pelos textos e de construírem seu sentido.
A forma fragmentária estava a serviço desse caráter reflexivo do romantismo. O artista colocava o seu próprio trabalho, o fazer em si, em pauta, fazendo “poesia da poesia” (Schlegel), convocando o leitor a reflexão. A incompreensão dos escritos românticos advinha, sobretudo, dessa exigência sobre os leitores. As obras chamavam os leitores a participar, algo por si só novo, e ainda de algo que eles desconheciam.
A escolha pelo fragmento também expõe outra questão essencial ao romantismo. O fragmento, enquanto forma não convencional, contribui ao questionamento sobre a expectativa de perfeição e totalidade sobre a arte em geral. Os românticos constroem uma outra relação com a ideia de completude. A falta, o inacabado, a incompreensão, passam a ser parte essencial do ideal de