Rolezinho

O terror da igualdade social

Em uma sociedade historicamente marcada pelo abismo entre classes sociais, como é a brasileira, é vigente o pensamento de superioridade das elites com relação às atuais classes C e D. O reflexo imediato dessa mentalidade é a sensação de exclusão das faixas sociais de renda mais baixa, o que desperta a necessidade de assumir posturas com o intuito de se incluir na sociedade. Além de aristocrata, a consumista sociedade brasileira da contemporaneidade afirma que é necessário seguir um determinado padrão de consumo para se afirmar em um status social.
Nessa realidade, surgiram os “rolezinhos”, encontros entre jovens, geralmente, das classes sociais C e D marcados pela internet, a priori, com o intuito de promover o contato entre ídolos da rede online e seus fãs, além do lazer juvenil com segurança. No entanto, com a expansão do fenômeno, esses jovens tornaram-se multidões, e, como qualquer aglomeração desordenada de pessoas, gerou tumulto e ocorreram alguns casos de furto. Isso foi o suficiente para que shoppings proibissem a entrada de certos indivíduos segundo critérios preconceituosos ou, até mesmo, do fechamento antecipado de suas lojas e, também, para a opinativa grande mídia brasileira partir da generalização e condenar o evento como uma organização delinquente.
Tal postura demonstra um pensamento de uma sociedade marcada pela extrema desigualdade social, fruto de uma formação aristocrática e de uma longa política elitista. Ademais, o fenômeno alerta ao descaso do poder público aos setores de lazer e cultura, fundamentais para o desenvolvimento de uma população pensante e produtiva. Na falta de espaços públicos atrativos à faixa jovem e que, ao mesmo tempo, confiram segurança a ela, utiliza-se o shopping para suprir tal demanda. Não obstante, é necessário lembrar que se trata de um ambiente privado aberto ao público e que, portanto, ele não tem o dever de aceitar a entrada que qualquer cidadão.
Todavia, não é inteligente que