ROGER E EU
ROGER E EU, DE MICHAEL MOORE: A JORNADA DE UMA CLASSE
EM BUSCA DE PROTAGONISMO
Cristiane Toledo Maria
FFLCH, Universidade de São Paulo
Desde o início de sua carreira em 1989, com Roger e Eu, até sua última produção em
2009, Capitalismo: uma história de amor, Michael Moore tem sido considerado um dos mais famosos documentaristas do mundo. Juntamente com sua fama e sucesso de bilheteria internacional, seus filmes trazem com frequência o debate acerca da definição do gênero documentário, bem como opiniões controversas ligadas ao debate sobre a ética, a manipulação e a relação entre cinema e propaganda política, ou entre política progressista e indústria cultural, tanto pelos críticos de Direita quanto pelos de Esquerda.
O que mais atrai a curiosidade da crítica é a tentativa de explicar o fenômeno Michael
Moore, ou seja, entender as razões de sua enorme popularidade, principalmente nesse determinado momento histórico e num país como os Estados Unidos, cuja produção cultural – seja na imprensa, na televisão, ou mesmo no cinema – nas últimas décadas não tem tido espaço para tais discussões políticas.
Como entender o surgimento e a popularidade de tal fenômeno cultural nesse tempo e espaço específicos? Nas últimas décadas, com o surgimento da era pós-industrial e a mudança do capitalismo regulado pelo estado de bem-estar social para o capitalismo “desorganizado” do neoliberalismo, diversos países passaram por um processo declínio do poder econômico e político da classe trabalhadora. Curiosamente, é nesse momento que existe a condição histórica para o surgimento e a popularidade de Michael Moore nos Estados Unidos.
É preciso, portanto, entender Michael Moore como resultado dialético da relação que a cultura americana estabeleceu ao longo dos últimos séculos com a luta de classes.
Curiosamente, é exatamente quando o conceito de classe está em crise ao redor do mundo que surgem as condições históricas para uma produção cultural que tenta figurar essa identidade.
De que