Rodovia BR-163
A história da rodovia BR-163, que liga Cuiabá a Santarém (PA), revela muito sobre a insustentabilidade dos modelos de desenvolvimento da Amazônia nos últimos 30 anos, caracterizados por políticas públicas descontínuas, exploração econômica irracional, exclusão social e devastação ambiental.
Esse é o cenário traçado no recém-lançado livro BR-163 — De estrada dos colonos a corredor de exportação, de Messias Modesto dos Passos, professor do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Presidente Prudente.
Estudioso da amazônia mato-grossense desde 1984, Passos avançou gradualmente, em suas pesquisas, até a região de Santarém. O livro nasceu de quatro viagens de automóvel feitas pela BR-163 e é um dos resultados de um projeto de auxílio a pesquisa apoiado pela FAPESP. A publicação inclui um DVD com vídeos e fotos.
De acordo com o geógrafo, quando a estrada foi inaugurada, em 1976, no contexto do Plano de Integração Nacional (PIN), a expectativa era abrir caminho para a colonização e para o desenvolvimento.
"Milhares de pessoas foram atraídas para lá, mas hoje constatamos que o sonho delas, de acesso à terra, não se realizou: as políticas públicas originais foram abandonadas e substituídas por um modelo produtivista. O resultado foi exclusão social e domínio das grandes corporações em detrimento das preocupações socioambientais", disse Passos.
O livro teve participação do geógrafo Gerd Kohlhepp, professor do Instituto Geográfico da Universidade de Tubingen, na Alemanha, que contribuiu com um capítulo sobre o desenvolvimento regional da Amazônia brasileira quanto às estratégias de ordenamento territorial e conflitos entre interesses econômicos e uso sustentável das florestas tropicais.
Kohlhepp apresenta várias políticas públicas adotadas desde o PIN até os projetos do governo atual. Uma das principais críticas que faz a essas políticas, e que tem importância central no livro, é que em geral elas têm curta