Roda dos Expostos
Sendo o Brasil o último país a abolir a chaga da escravidão, foi ele igualmente o último a acabar com o triste sistema da roda dos enjeitados.
Mas essa instituição cumpriu importante papel. Quase por século e meio a roda dos expostos foi praticamente a única instituição de assistência a criança abandonada em todo o Brasil.
As municipalidades deveriam, por imposição das Ordenações do Reino, amparar toda criança abandonada em seu território. No entanto, esta assistência, quando existiu, não criou nenhuma entidade especial para acolher os pequenos desamparados.
Esse sistema foi inventado na Europa medieval para garantir o anonimato do expositor e assim estimula-lo a levar o bebê que não desejava para a roda, em lugar de abandoná-lo de forma alheia.
A roda dos expostos, como assistência caritativa, era, pois missionária. A primeira preocupação do sistema para com a criança era de providenciar o batismo, salvando a sua alma.
Dessa forma, quando se iniciou a colonização do Brasil, Portugal já conhecia e havia estruturado sua roda de enjeitados.
Durante a época colonial, foram implantadas três rodas de expostos em suas cidades mais importantes: a primeira em Salvador, logo a seguir outra no Rio de Janeiro e a última em Recife. Todas no século XVIII.
Só que antes da roda os meninos abandonados supostamente deveriam ser assistidos pelas câmaras municipais. Raramente as municipalidades assumiram a responsabilidade por seus pequenos abandonados. Alegavam quase todos falta de recursos.
As famílias que encontravam essas crianças abandonadas criavam os expostos por espírito de caridade, mas também, em muitos casos, calculando utiliza-los, quando maiores como mão de obra familiar suplementar, fiel, reconhecida e gratuita: dessa forma, melhor do que a escrava.
Na realidade, a quase totalidade destes pequenos expostos nem chegavam a idade adulta. A mortalidade dos