ROBERTO BURLE MARX
Passados cinquenta anos de seu desempenho no governo de Pernambuco, Burle Marx declara que alcançou a “consciência concreta” no momento em que criou os jardins públicos do Recife. Seu olhar erudito, de músico e pintor, observando as paisagens ribeirinhas, de matas e do Sertão, ávido em conhecer os hábitos e a arte populares, decidiu que a planta seria seu objeto de composição no desenho, na pintura e no jardim. Portanto, é o diálogo entre jardim e paisagem que se estabelece no exercício do paisagismo como arte nas praças do Recife. O propósito em conservar esses jardins históricos como monumento vivo prioriza a educação patrimonial que começa com a capacitação de jardineiros já praticada por Burle Marx nos anos 30 ao realizar os desenhos de cada jardim em perspectiva para orientar os que iriam executá-los.
Introdução
A cidade do Recife foi o berço da criação dos primeiros jardins públicos brasileiros de caráter moderno com a atuação do paisagista Roberto Burle Marx no período de 1935-1937. Até então vigorava a tradição de jardins europeus com predomínio do uso de espécies vegetais desassociadas da paisagem urbana. A frente do Setor de Parques e Jardins da então Diretoria de Arquitetura e Construção do Governo do Estado de Pernambuco, Burle Marx elaborou um plano de aformoseamento, que possibilitou a criação de novos jardins, bem como a remodelação dos que existiam. Desse conjunto de jardins, a Praça de Casa Forte será aqui abordada por configurar-se um projeto completo, executado e mantido, bem como, por ser o primeiro jardim público da carreira do paisagista.
Para a Praça de Casa Forte, Burle Marx concebeu um jardim composto por três partes onde cada uma representa um grupo isolado de vegetação conforme a província geográfica. A primeira e a segunda parte foram dedicadas à vegetação de ampla distribuição geográfica brasileira, sendo que a segunda abriga espécies típicas da região amazônica. Para a terceira parte, o motivo foi a