Ritos fúnebres
De início o tema pode causar espanto mas ao aprofundá-lo a riqueza dos detalhes foi-me conquistando, interessei-me pelo assunto, e foi o que me levou a desenvolver este trabalho. A morte levanta questões a que a ciência não consegue responder. Quaisquer que sejam as nossas crenças pessoais, todos podemos ganhar através da aprendizagem do modo como os outros veem estas questões. A minha principal preocupação consiste em examinar a forma como as pessoas das diferentes culturas concebem a morte, como lidam com os seus mortos, se entristecem por eles e como, com o tempo, superam a tristeza da perda que a morte de um ente querido comporta. Começarei por fazer uma pesquisa sobre as atitudes perante a morte: como se passou, lenta mas progressivamente, da morte familiar (na Idade Média) para a morte repelida, maldita (hoje em dia). De seguida, adoto, no essencial, a síntese de Louis-Vincent Thomas acerca do ritual funerário. As características gerais dos ritos mortuários nas diferentes religiões comandam a reflexão em torno da diversidade cultural na relação com a experiência da morte. Todos os povos, cada um ao seu modo, e de acordo com a sua cultura, ritualiza a morte e crê num tipo de existência pós-morte. Embora as nossas culturas sejam tão diversas, podemos notar como tais ritos e visões do além se assemelham de forma impressionante. Este constitui o tema do segundo capítulo do documento que agora apresento.
CAPÍTULO I – Ritos e Mitos Associados à Morte
1. Breve Resenha Histórica
A morte, acontecimento inevitável com diversos significados, para alguns o fim, para outros o início de uma nova etapa. Qualquer que seja a maneira de encarar a morte, esta não deixa de ser um marco tal como outros momentos da vida: a infância, a adolescência, a vida adulta, o casamento, o nascimento dos filhos, a velhice. Na conce ção de Keleman (1997), a vida é feita de momentos importantes, os quais são o foco de novas