Ribeiro,Chagas-O Renascimento Cultural a partir da imprensa

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França e em outros países europeus, inclusive na Itália, na Inglaterra e na Holanda, o material impresso tornou-seEssa conclusão é muito simples para ser aceita sem comentários. Em primeiro lugar, os livros não eram comprados somente por pessoas comuns. Sabe-se que nobres os liam. Em segundo lugar, a "Biblioteca Azul" não representava toda a cultura de seus leitores. Provavelmente a cultura oral era mais importante. De qualquer modo, não sabemos como os leitores ou os ouvintes reagiam às histórias; se, por exemplo, se identificavam com Carlos Magno ou com os rebeldes e contra ele. Apesar dos problemas levantados por esse estudo de caso, é certo que, na
30 UMA HISTÓRIA SOCIAL DA MIDIA
França e em outros países europeus, inclusive na Itália, na Inglaterra e na Holanda, o material impresso tornou-se parte importante da cultura popular no século
XVII, se não antes.
Resumindo o trabalho de toda uma geração sobre o assunto, uma historiadora norte-americana, Elizabeth Eisenstein, sustentou em um ambicioso estudo lançado em 1979 que a impressão gráfica era "a revolução não reconhecida", e que seu papel como "agente de mudança" havia sido subestimado nos levantamentos tradicionais sobre Renascença, Reforma e revolução científica. Trabalhando com as idéias de McLuhan e Ong, Elizabeth Eisenstein domesticou-as, traduzindo-as em termos que seriam aceitáveis à sua própria comunidade profissional, formada por historiadores e bibliotecários. Emborafosse cautelosa ao tirar conclusões gerais, ela enfatizou duas conseqüências a longo prazo da invenção dos impressos.
Em primeiro lugar, as publicações padronizaram e preservaram o conhecimento, fenômeno que havia sido muito mais fluido na era em que a circulação de informações se dava oralmente ou por manuscritos. Em segundo lugar, as impressões deram margem a uma crítica à autoridade, facilitando a divulgação de visões incompatíveis sobre o mesmo assunto. Para ilustrar esse ponto, a historiadora

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