Rezende
Flávio da Cunha Resende
Introdução
O estudo da implementação de políticas públicas é um dos temas privilegiados na agenda contemporânea de pesquisas nas ciências sociais que se voltam para a análise do Estado em ação. Uma das preocupações centrais no estudo da implementação é a de fornecer explicações para a
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Este artigo é uma versão simplificada da tese de doutorado Administrative reform, permanent failure, and the problem of external support: MARE and the reform of the State apparatus in Brazil, defendida na Cornell University em 1999, e orientada pelo prof. Theodore Lowi. Sou grato a todos aqueles que entrevistei durante a pesquisa em Brasília, em especial ao Prof. Luiz Carlos Bresser Pereira, Ângela Santana e Humberto Martins, Lúcia Barreto e Maria Helena Rodrigues. Gostaria ainda de agradecer aos dois pareceristas anônimos da Revista Brasileira de Ciências Sociais por suas valiosas observações, que contribuíram para uma melhor versão, e que espero ter atendido nesta versão.
compreensão do seguinte fenômeno: por que políticas públicas usualmente não conseguem produzir os resultados esperados por seus formuladores?1 Este artigo procura explicar o problema da falha permanente nas políticas de reformas administrativas, as quais são reconhecidas por cientistas sociais como casos clássicos de políticas que dificilmente atingem os resultados pretendidos, isto é, a elevação da performance no aparato burocrático do Estado.2 O conhecimento acumulado dos analistas sobre a experiência histórica internacional de implementação dessas políticas, tal como argumenta Caiden (1999), é repleto de casos que ilustram semelhante fenômeno. Reformas administrativas são modificadas, abandonadas, ou não têm continuidade. Reformas se sucedem para combater velhos e persistentes problemas de performance no aparato burocrático. A literatura a este respeito fornece um amplo e variado conjunto de explicações. Este artigo propõe uma