Revoluções tecnológicas
Darcy Ribeiro - O PROCESSO CIVILIZATÓRIO
1. REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA AGRÍCOLA
O primeiro processo civilizatório corresponde à Revolução Agrícola, que se desencadeou originalmente, há cerca de 10 mil anos passados sobre os povos da Mesopotâmia e do Egito e se repetiu, mais tarde, por efeito da difusão ou como desenvolvimentos independentes, na Índia (6000 a. C.), na China (5000 a. C.) na Europa (4500 a. C.), na África Tropical (3000 a. C.) e nas Américas (2500 a. C.).
Essa revolução tecnológica desdobrou-se em dois processos civilizatórios com os quais surgiram a agricultura e o pastoreio, determinando duas novas formações sócio-culturais: 1) Aldeias agrícolas indiferenciadas (não estratificadas em classes) dos povos que se fizeram lavradores de tubérculos ou de cereais, a exemplo das tribos da floresta tropical nas Américas, e de inúmeros povos tribais de outros continentes. Alguns deles combinaram, mais tarde, a agricultura com a criação de animais, mas ainda não os utilizavam na tração. 2) Hordas pastoris nômades dos povos que, posteriormente, se especializaram na criação de animais ajustando todo o seu modo de ser às condições de sobrevivência e de multiplicação dos rebanhos.
O homem vivera sempre em pequenos bandos móveis de coletores de raízes e frutos, de caçadores e pescadores, rigidamente condicionados ao ritmo das estações, engordando nas quadras de fartura e emagrecendo nos períodos de penúria. Só em regiões excepcionalmente dadivosas, como as costas marítimas, ricas em mariscos, e, por isso mesmo, muito disputadas, esses bandos podiam alcançar maiores concentrações. Ainda assim o montante de cada grupo era limitado pela capacidade de provimento alimentar nas quadras de maior escassez e pelas dificuldades de ordenar socialmente o convívio de unidades sociais maiores.
Nesse largo período de vida pré-agrícola, avaliado em meio milhão de anos, o homem dominara o fogo; aprendera a fabricar instrumentos de trabalho que