Revolução Tecnológica
A revolução tecnológica Geral Estadão
A revolução tecnológica
ROBERTO GODOY - O ESTADO DE S.PAULO
26 Julho 2014 | 20h 10
O poder de fogo industrial mudou de vez os campos de batalha com seus aviões, canhões e metralhadoras. Nos mares, o submarino pôs em risco os grandes encouraçados
A carruagem escura que circulava por Londres acompanhada por um pequeno comboio de três ou quatro outras, quase sempre à noite, era um segredo aberto no fim do século 19: a cidade mais importante do mundo sabia que a bordo viajava a rainha Vitória. Ia quase sempre a igrejas anglicanas, ao teatro ou a hospitais beneficentes. Também saía para cumprir funções de monarca. Vitória adotara uma vida discreta desde a morte do marido, Albert, em 1861, e também depois da perda do filho Alfred, em 1889. Todavia, a rainha era uma guerreira. Interessada na história militar, acompanhou intensamente o conflito contra Zanzibar e a rebelião dos Boeres, na África do Sul. Naquele dia do de 1900, Vitória estava sendo levada para conhecer uma arma secreta.
O estaleiro Vickers, de BarroninFurness, no litoral norte do país, havia levado para um dique da Marinha Real, no Tâmisa, o primeiro protótipo do que, muito tempo depois, viria a ser o Classe B. Segundo o historiador naval irlandês J. H. Ryan, “a nave deveria provocar grande impressão: toda de metal, tinha a proa esguia, uma torre pequena e suportes para um torpedo e uma mina de contato”. Vitória tinha 90 anos. Ouviu a exposição dos engenheiros, andou ao redor do navio e sentenciou: “Que honra pode haver em atacar sem que seu inimigo possa vêlo e enfrentálo?”
Ryan diz em seu livro, Victoria in War, ainda em elaboração, que os recursos para o projeto foram reduzidos dramaticamente pelo governo. A rainha morreria no ano seguinte. O Classe B só viria a navegar anos mais tarde, pouco antes do começo da Grande Guerra.
Os alemães e seus submarinos, desenvolvidos ao longo de uma década, devastariam os mares com as