Revolução Pacífica do Brasil?
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É comum o entendimento de que o Brasil teve uma independência pacífica, proclamada por D.Pedro I e aceita sem maior resistência por Portugal. Lembro que nos meus tempos de colégio, falava-se até numa suposta benção dada por D.João VI, coisa que jamais aconteceu. Até 1807, o Brasil era ao mesmo tempo a jóia maior da corôa portuguesa e alvo da cobiça comercial tanto da Inglaterra quanto da França, países hegemônicos da época. E tanto era assim, que no acordo que previu a retirada da família real portuguesa para cá em 1807 (fugindo de Napoleão Bonaparte), a Inglaterra comprometeu-se a escoltar e salvaguardá-la em troca da abertura tão somente do porto de Santa Catarina, além, claro, de não enfileirar-se com a França. Ou seja, enquanto em Portugal a corôa aceitou abrir apenas um porto, cuidando para que os demais não saíssem do jugo colonial português. Se ao chegar aqui em 1808 D. João mudou de idéia, ou por conveniências econômicas ou mesmo pelo intuito de fundar aqui uma nova nação poderosa longe das tensões causadas pelas super-potências européias, ninguém sabe ao certo. Porém, em 1821 D. João retorna à Portugal que, de colonizador em 1807, transformara-se em reino unido com o Brasil. Isso desencadeou um processo, digamos, constituinte, com a reunião das Cortes (representantes da aristocracia tradicional do país) que tinham clara intenção retirar do Brasil a condição de reino, transformando-o novamente em colônia. E o fez propondo uma certa autonomia a algumas de suas províncias mais ao norte, o que enfraqueceria o sabido ânimo independentista existente por aqui. Ou seja, uma manobra do império para evitar a perda total do Brasil, cujo grito de independência parecia não tardar. Na biografia de D.João VI, escrita por Jorge Pedreira e Fernando Dores Costa, consta uma carta escrita por D.Pedro a D.João, que relata muito bem a situação econômica e política daquele momento: Vossa Majestade, que é rei há tantos anos, conhecerá mui bem as diferentes situações e