Revolução industrial
Quando alguem se livra de uma situação constrangedora e desabafa, "Sinto-me livre como um pássaro", sem duvida está apenas se referindo aquilo que tal expressao simboliza: parece que a imensidão do ceu aí está para ser livremente "conquistada ", sem obstáulos de nenhuma especie. Bem sabemos que se trata de uma metáfora. 0 pássaro nao é um ser livre, mas se encontra determinado pelo instinto de sobrevivencia tipico de sua especie. Nao vai "para onde quer", mas para onde precisa ir, a fim de continuar existindo. Seu proprio vôo etá sujeito às leis da fisica.
O filosofo alemao Kant brinca com essa ideia, imaginando uma pomba agil, indignada contra a resistencia do ar que a impediria de voar mais depressa. Na verdade, argumenta, é justarnente essa resistencia que lhe serve de suporte, pois seria impossivel voar no vacuo. Se o vôo livre do passaro e uma ilusao, da mesma forma podemos dizer que incorremos em engano semelhante ao considerarmos o homem capaz de liberdade absoluta. Comecemos refletindo sobre as conquistas do metodo cientifico. E que a construçao do conhecimento cientifico se faz a partir do principio do determinismo, segundo o qual tudo que existe no mundo esta sujeito a rigida relaçao entre causa e efeito. E a ciencia só se torna possivel porque o conhecimento da relaçao necessaria entre causa e efeito - isto e, o conhecimento dos determinismos naturais - permite a descoberta das leis da natureza, a partir das quais sao feitas previsoes e desenvolvidas as tecnicas. Transpondo tais consideraçoes do campo da ciencia da natureza para o nivel humano, nao há como negar que tambem o homem se acha preso a determinismos: tem um corpo sujeito as leis da fisica e da quimica, e um ser vivo que pode ser compreendido pela biologia. Por isso, já no seculo XVIII, os materialistas franceses D'Holbach e La Mettrie reduziam os atos humanos a elos de uma cadeia causal universal. Temos de admitir inclusive a existencia de determinismos