Revolução francesa e seu eco
Michel Vovelle
Abordar o imenso canteiro de obras da Revolução Francesa, a partir do alcance do eco que ela encontrou na Europa e no mundo, é mais que se conformar com a vocação própria de um "Congresso Internacional das Luzes", atento por natureza à abordagem comparativa, assim como aos fenômenos de difusão: é também responder à solicitação de um momento. Estamos nos preparando para comemorar o Bicentenário da "Grande Revolução": um acontecimento que pertence tanto ao patrimônio da humanidade quanto ao da França; a tentação de um balanço impõe-se legitimamente. É nesta óptica que se prepara em Paris a realização, em 1989, de um Congresso Mundial sobre o tema da "Imagem da Revolução Francesa", para o qual o confronto atual sobre um tema semelhante, mas não idêntico, certamente contribuirá. Sob o termo imagem, proposto pelo professor Ernest Labrousse, entende-se, com efeito, o estudo de todas as formas de recepção no pensamento político, filosófico ou histórico, como na literatura, na arte e mais amplamente todos os suportes do imaginário, das idéias-forças, assim como da memória do acontecimento. Falar aqui de eco (ou de repercussão) da Revolução parece, à primeira vista, limitar o campo operacional, ainda que os autores que responderam a essa solicitação tenham considerado o termo em toda a riqueza das leituras que ele autoriza, do que dá testemunho a multiplicidade dos equivalentes semânticos encontrados no decorrer das comunicações (eco, ressonância, influência, difusão, recepção, impacto, repercussões, reações, legados, ou herança ...). Tal lista tendo sido evocada não apenas pela curiosidade, mas pelas nuanças que sugere na maneira de abordar o problema. Limitar-nos-emos à leitura mais imediata do termo como percepção, impressão causada pela Revolução Francesa sobre os contemporâneos, sem levar em conta os abalos profundos que provocou nos sistemas institucionais e sociais? Vários autores não hesitaram em transpor essa