Revolução Farroupilha
MEMÓRIA DA REVOLUÇÃO FARROUPILHA
Eduardo Scheidt
Doutorando em História Social na USP
Mestre em História pela UNISINOS
Resumo
Este artigo analisa o processo de construção da memória da Revolução Farroupilha na historiografia, desde meados do século XIX até os anos recentes. Constatamos que, ao longo do tempo, surgiram diversas e contrapostas versões sobre o movimento rio-grandense, especialmente em referência ao “separatismo” ou “não separatismo” dos farrapos e a respeito de presenças ou ausências de influências rioplatenses na Revolução Farroupilha.
Abstract
This article analyses the processes of the construction of the memory about the Farroupilha Revolution in the historiography, since XIX century until recent years. We found out that, along the years, it has appeared several and contrary versions about the movement, particularly with reference to the “separatism” or “non separatism” of the farrapos and in respect of the presence or lack of influences from the Rio de la Plata countries in the Farroupilha Revolution.
Palavras-Chave
Memória • Historiografia • Representação • Revolução Farroupilha •
História Política
Keywords
Memory • Historiography • Representation • Farroupilha Revolution •
Political History
Eduardo Scheidt / Revista de História 147 (2002), 189-209
A Revolução Farroupilha é o tema mais trabalhado pela historiografia rio-grandense. O movimento é o fato histórico que ganhou maior relevância tanto na produção historiográfica quanto no imaginário popular. Ao longo do tempo, entretanto, a memória da Revolução tem sido constantemente modificada, proporcionando, inclusive, controvérsias e impasses na produção historiográfica.
Partimos do pressuposto de que toda produção historiográfica consiste em uma representação, ou seja, em uma construção ou versão de alguém ou de um grupo sobre um acontecimento do passado. Há muito tempo já abandonou-se a ambição de se chegar à verdade absoluta ou de reconstruir os