Revolução Divina
1640: Revolução Divina
O Mundo de Ponta Cabeça de Christopher Hill é um maravilhoso livro, de leitura fluente, que conta a história da Revolução Inglesa de 1640-1688 por um novo ponto de vista. Esse ponto de visa é embuído aos setores mais baixos da sociedade inglesa, aos camponeses, aos soldados de baixo calão, aos mais pobres. Isso se deve à “escola historiográfica”, mas não só historiográfica, como de vida do autor, o marxismo. A luta de classes é presente em toda a obra de Christopher Hill, e essa não é exceção. O comum na historiografia era analisar a revolução Gloriosa por cima, a briga da alta nobreza contra a gentry, ou baixa nobreza, e a alta burguesia; sempre analisando as implicações econômicas e políticas, e as tensões religiosas, principalmente a histórias de seus líderes. O autor analisa por baixo, a insatisfação dos pobres, suas maneiras de reivindicação, e as implicações culturais (ou de mentalidade) da revolução. A documentação que o autor se utiliza é impressionante, sendo algumas poucas vezes, até enfadonho tantas citações. Porém, Hill cita maravilhosamente bem fontes primárias que enriquecem muito seu texto. Nesse presente texto, falarei sobre o aspecto religioso dessa Revolução, ou melhor, de como isso se reflete na obra de Hill. Porém o autor não é o único a refletir a religião, assim como diversos outros autores, seja o enfoque dado, pois foi essencialmente uma revolução religiosa. Christopher Hill, após a introdução, trata do período “pré-revolução”, e diz que “existia um pano de fundo de hostilidades entre as classes bem maior do que os historiadores costumaram conhecer.”1 E prova isso com várias fontes. Muito antes de 1640, portanto, a religião cai em descrença em algumas áreas da Inglaterra: os lolardos, anabatistas ou familistas, e muitas