revoltas

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Nas proximidades de Araraquara, existe uma daquelas tantas prisões perpétuas, chamada Fazenda São Luís, da qual é digno proprietário aquela pérola de bandido que responde pelo nome de José de Lacerda Abreu. (...) Nesta prisão perpétua ocorrem frequentemente cenas assustadoras. Os pobres reclusos (é assim que precisamos chamar os colonos porque não podem sair da fazenda, sob pena de serem pegos a pauladas ou assassinados) trabalham anos e anos sem serem pagos. Quando perguntam pelo seu ganho se responde a eles com insultos e com chicotadas (...) Deste lugar de horror nove famílias colonas conseguiram fugir enfrentando perigos de toda a espécie. As outras que permanecem gostariam de seguir o exemplo das primeiras mas, sendo a Fazenda circundada por capangas, não se arriscam.
—ROMANI p. 150
Ainda no inicio do século XX, uma parte considerável dos imigrantes italianos abandonaram o regime de servidão das fazendas de café do interior paulista para trabalhar em fábricas na capital. No meio urbano passaram a atuar contra a exploração de classe, combatendo as condições de trabalho precárias nas fábricas, a utilização massiva de mão de obra infantil e as jornadas laborais de mais de 13 horas. Em diversas cidades os italianos passaram também a fazer contato com grupos de ativistas libertários brasileiros, mas também espanhóis e portugueses emigrados. Juntos estes trabalhadores de diferentes origens fundaram diversos sindicatos e organizações de trabalhadores que compunham o movimento operário, lutando por direitos laborais básicos, como férias, salários dignos, jornada laboral diária de oito horas e proibição do trabalho infantil.1
A crescente organização dos trabalhadores passou a ser vista com maus olhos pelas elites urbanas brasileiras que enxergavam ali uma ameaça aos seus interesses. Diante da organização das classes subalternas as elites passaram a assumir um discurso nacionalista homogeneizante afirmando que os trabalhadores estrangeiros estavam se voltando contra

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