Revolta da Vacina

Para que haja um maior entendimento da Revolta da Vacina, deve-se primeiramente fazer um estudo das condições de vida e moradia dos habitantes da cidade do Rio de Janeiro antes do ocorrido. Cidade esta que no século XIX passava por inúmeros problemas, fossem eles de cunho espacial ou sanitário. Desde que se tornou capital, no ano de 1763, a cidade virou referência; todas as mudanças feitas pela Coroa no Brasil aconteciam primeiramente naquela região para depois ocorrerem no resto da colônia, devido a sua importância no escoamento do ouro e das pedras preciosas, achados na região das Minas Gerais, além de abastecer as cidades mineiras (SILVA, 2000).

Para Maurício de Abreu (1987), as primeiras mudanças e modernizações da cidade do Rio de Janeiro ocorrem no século XIX, após a chegada da Família Real em 1808, fugida da invasão de Napoleão a Lisboa, que vai trazer junto com a corte uma nova classe social e, assim, demandas de melhorias para aquela atrasada capital tropical, principalmente se comparada com Lisboa e outras ricas cidades europeias. Para Laurentino Gomes (2006, p. 122), a população da colônia brasileira “era uma população analfabeta, pobre e carente de tudo”. Sobre essas mudanças ocorridas na época e que seriam posteriormente fundamentais para o desenvolvimento e crescimento do Rio de Janeiro, Ciro Flamarion (2000, p. 124) mostra.
Um verdadeiro aparelho e um corpo diplomático instalaram-se no Rio. E em 16 de dezembro de 1815, o Brasil passou a categoria de Reino Unido ao de Portugal e Algarve. [...] As consequencias de tamanhas mudanças politicas não se fizeram esperar também em outros domínios. O primeiro estabelecimento de ensino superior do Brasil foi instalado em 1808 na Bahia: a Escola Médico-Cirurgica. Seguiram-se fundações similares no Rio, que passou a ser sede, ainda, das Academias Militar e de Marinha [...] O Rio sediou também a Biblioteca Real, núcleo inicial da Biblioteca Nacional posterior e uma Academia que deu origem à atual Escola