Revista DAE Vol 51, Nº196
13742 palavras
55 páginas
Águas e saneamento da metrópole: a atualidade dos desafios passadosExpansão da oferta de água ou redução de perdas; tratamento avançado ou controle de poluição na origem; obras de macrodrenagem ou recuperação das capacidades de infiltração urbana; operação estatal ou por outorga regulada; sistemas integrados metropolitanos ou gestão local de dispositivos de pequeno porte. Estas são questões atuais do debate sobre águas e saneamento em São Paulo, cuja formação urbana e metropolitana sempre foi marcada por uma relação de equilíbrio instável com suas águas, simultaneamente escassas para as necessidades de abastecimento e abundantes para uma malha urbana vulnerável às inundações. Neste texto são explorados alguns dos desafios trazidos pelo intenso processo de transformações urbanas, do início do século XX até o fim dos anos 30, e das alternativas que, desde então, se delineavam nos projetos e obras de infraestrutura hídrica e saneamento ambiental para a cidade. Passadas as compreensíveis polarizações políticas que acompanhavam a discussão técnica, hoje é possível revalorizar o grande legado daqueles trabalhos pioneiros em seu todo e neles reconhecer fundamentos indispensáveis à formulação de planos e projetos para a metrópole atual, com potenciais de integração maiores que o então admitido por aqueles profissionais. Seus ensinamentos e descobertas continuam a inspirar inovações, inclusive diante dos extremos de escassez que têm afetado a metrópole no ano hidrológico 2013/14.
A estrutura urbana sobre uma topografia acidentada definia-se por bairros mais altos, de urbanização predominantemente controlada, pela zona média que compreendia o centro histórico mais alguns bairros em formação em torno da indústria em expansão e pelas zonas baixas, onde habitavam os segmentos de menor renda e onde se desenvolvia urbanização majoritariamente descontrolada. Essas peculiaridades determinavam grandes desafios à infraestrutura hídrica e ao saneamento da cidade sob quaisquer