Retrato do Brasil
O livro ao decorrer dos seus capítulos traça um histórico da formação brasileira a partir de quatro pilares : A Luxúria, A Cobiça, A Tristeza e O Romantismo.
Passeando nesses quatro capítulos Paulo Prado relaciona bem as causas históricas que formarão um Brasil subdesenvolvido, um povo descrente, entregue a sua realidade de exploração. No primeiro capítulo dedicado a Luxúria encontramos, entre outros, os seguintes dizeres:
“ ...Paraíso ou realidade, nele se soltara, exaltado pela ardência do clima, o sensualismo dos aventureiros. Ai vinha esgotar a exuberância da mocidade força, para satisfazer os apetites de homens a quem já incomodava e repelia a sociedade europeia.”
Os portugueses também traziam em sua alma a tradição do cristianismo decadente da Europa e tinham também assimilado outros costumes totalmente diversos, e isso talvez explique o comportamento de barbárie em relação ao do selvagem que aqui vivia. Homens rejeitados em sua pátria e por este motivo, sem nada a perder, lançavam-se nas aventuras em busca da liberdade e da riqueza, para retornar á sua terra e usufruir de uma felicidade, das benesses e do respeito que o poder do ouro lhes daria; vinham de uma Europa tumultuada pela Renascença e suas reformas, castigada por guerras, revoluções e invasões por conquista de territórios. O clima quente e a beleza luxuriosa da mata virgem despertaram naqueles homens os mais primitivos dos instintos e ao entrarem em contato com nativos que viviam livremente. A falta de mulheres brancas, a presença de mulheres indígenas e africanas, uma conduta sexual desregrada, o clima e a terra, contribuíram para que aqueles colonos primitivos se entregassem a todos os vícios e crimes, com uma espantosa imoralidade que excedia a todos os limites, segundo os