Resumo
Ultimamente tem se falado em empresa espiritualizada, líder espiritualizado. A crescente frequência com que esses termos tem adentrado no universo corporativo pode ser interpretado como um indício de que uma busca por um novo modo de vida e convivência está em curso.
Espiritualidade é a capacidade de olhar que as coisas não são um fim em si mesmas, que existem razões mais importantes do que o imediato. Que aquilo que se faz, por exemplo, tem um sentido um significado. Que a noção de humanidade é uma coisa mais coletiva, na qual a idéia de pertencimento e que, portanto, o líder espiritualizado é aquele capaz de olhar o outro como outro, de inspirar, de elevar a obra, em vez de simplesmente rebaixar as pessoas.
O desejo por espiritualidade é um sinal de descontentamento muito grande com o rumo que muitas situações estão tomando e, por isso, é uma grande queixa. E a espiritualidade vem a tona quando precisamos fazer uma reflexão sobre nós mesmo; aliás, a espiritualidade é precedida pela angústia, o sentimento de algo está errado, mas não identificado.
Acredito que nós estamos hoje com uma crise no conjunto da vida social, do qual o trabalho é apenas um pedaço. Mas não é só trabalho; a família também, o modo como se lida com os meios de comunicação, a relação entre as gerações, a própria escola. Então, nós estamos em um momento de transição, de turbulência muito forte em relação aos valores. Dessa forma o mundo do trabalho é um mundo no qual também cabe a alegria, a fruição. Temos carência profunda e necessidade urgente de a vida ser muito mais a realização de uma obra do que de um fardo que se carrega no dia-a-dia.
A idéia de trabalho como castigo precisa ser substituída pelo conceito de realizar uma obra. Por muitas vezes a idéia de trabalho é associado a castigo, fardo, provação, escravidão, exploração pelo empregador, enfim tortura, tripalium. Esta idéia precisa ser substituída pela idéia de realizar uma obra, algo que completa e