Mente humana: entre clausura e abertura Akiko Santos Ao longo da vivência, a humanidade estruturou e reestruturou “modelos mentais”, ferramentas para pensar os fenômenos da vida, uma elaboração mental que permite colocar ordem nas intricadas redes de interações, constituindo base da segurança e certeza, assim como serviu de fonte de critérios para fazer frente aos desafios do cotidiano. O homem faz uso desse seu “modelo mental”, construído na interação com o mundo cultural ao qual pertence, porém não tem consciência da manipulação a que ficou sujeito e acredita que o seu modo de pensar é proveniente da natureza do seu ser e que o seu saber é único e verdadeiro. Em outras palavras, o seu olhar é determinado pelos circuitos neuronais estabelecidos ao internalizar crenças histórico-culturais reconstruídas em interação com a sua idiossincrasia genética e experiencial, fazendo com que interprete a realidade e os fenômenos desde essa lente, constituindo o seu modo de pensar. Na história da construção do conhecimento houve pensadores de diversas áreas do saber alertando sobre esse arcabouço do pensamento humano que, ao mesmo tempo que o humaniza, o torna prisioneiro de suas próprias crenças e conceitos. Limitando-se somente a alguns desses pensadores que se referiram à tal fenômeno e restringindo-se às literaturas utilizadas na área de educação, Platão foi o primeiro a representar tal fenômeno na sua alegoria conhecida como Mito da Caverna (CHAUÍ, 1994): Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um alto muro, cuja entrada permite a passagem da luz exterior. Desde seu nascimento, geração após geração, seres humanos ali vivem acorrentados, sem poder mover a cabeça para a entrada, nem locomover-se, forçados a olhar apenas a parede do fundo, e sem nunca terem visto o mundo exterior nem a luz do sol. Acima do muro, uma réstia de luz exterior ilumina o espaço habitado pelos