Resumo
1 – Sócrates, Platão e Aristóteles
“Se imaginais que, matando homens, evitareis que alguém vos repreenda a má vida, estais enganados; essa não é uma forma de liberação, nem é inteiramente eficaz, nem honrosa; esta outra, sim, é mais honrosa e mais fácil: em vez de tampar a boca dos outros, preparar-se para ser o melhor possível.”
(Palavras atribuídas a Sócrates por Platão, ao final de seu julgamento)
Há elos que ligam os conceitos de Ética defendidos por Sócrates – a noção que basta saber o que é Bem para praticá-lo – por Platão – segundo o qual é essencial conhecer a Idéia Geral do Bem – e por Aristóteles – para quem o Bem equivale à moderação das paixões. Todos os três estabelecem como Fonte da Ética a noção que a Felicidade – entendida no sentido mais amplo da eudaimonia – era a recompensa dos virtuosos.
Os três autores buscaram então constituir uma Teoria Ética que parte das premissas que, de um lado, existe uma ética objetiva e, de outro, que o homem só pode ser feliz se seguir esses princípios. O tratamento dado ao tema, contudo, varia em cada autor pela interação dessas premissas gerais com a teoria mais geral segundo cada um deles interpreta o mundo.
Sócrates tem o mérito de introduzir a discussão sobre o homem na Filosofia de forma sistemática, defendendo posição no sentido de que mais do que as forças da natureza, o homem deveria ser o objeto das reflexões. Ainda que, como foi visto, esta reflexão tenha sido impulsionada por necessidades bastante concretas - em especial de responder aos sofistas - isto não lhe retira o mérito de trazer o cidadão ao centro do debate.
A essência da Ética Socrática é o poder libertador do verdadeiro conhecimento confrontado com a hipocrisia. É através deste conhecimento, crê Sócrates, que cada indivíduo é capaz de um dia chegar à compreensão do que é o Bem, conhecimento que por si só tem efeito transformador tanto de quem o adquire como da sociedade na qual ele vive.
Partindo dos mesmos