Resumo
Identidade é aquilo que se é. Só tem como referência a si própria. Do mesmo modo a diferença é concebida como uma entidade independente. Apenas, neste caso, em oposição à identidade, a diferença é aquilo que o outro é. São interdependentes e partilham uma importante característica: são resultado de atos da criação linguística. Como ato linguístico, a identidade e a diferença estão sujeitas a certas propriedades que caracterizam a linguagem em geral.
Identidade e diferença não podem ser compreendidas fora dos sistemas de significação nos quais adquirem sentido. São seres da cultura e dos sistemas simbólicos que as compõem. Não significa dizer que são determinadas pelos sistemas discursivos e simbólicos que lhes definem. A linguagem é entendida de forma mais geral como sistema de significação, sendo uma estrutura instável, decorrente de uma característica fundamental do signo. Essa característica da linguagem tem consequências importantes para a questão da diferença e da identidade culturais. Na medida em que são definidas por meio da linguagem, a identidade e a diferença não podem deixar de ser marcadas, também, pela indeterminação e pela instabilidade.
A afirmação da identidade e a enunciação da diferença revelam o desejo dos diferentes grupos sociais, assimetricamente situados, de garantir o acesso privilegiado aos bens sociais. Identidade e diferença estão em estreita conexão com relações de poder. O poder de definir a identidade e de marcar a diferença não pode ser separado das relações mais amplas de poder. A