resumo
Guimarães, Bernardo, 1825-1884.
A Escrava Isaura / Bernardo Guimarães;
Introdução
Bernardo Guimarães ambienta a história, A Escrava Isaura, em locais anterioranos do Rio de Janeiro.
É uma história triste e comovente, pois retrata a realidade, como os escravos eram tratados, julgados e violentados. Muitas vezes os senhores das escravas se apaixonam por elas, como acontece com a escrava Isaura, e por não receber o mesmo amor, as castiga colocando no tronco, algemando, e com trabalhos além da conta.
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Era nos primeiros anos do reinado do SR. D. Pedro ll. No município de Campos de Goitacases, à margem do Paraíba, havia uma linda fazenda.
Era um edifício de harmoniosas proporções, vasto e luxuoso, situado em aprazível planície de grande fertilidade, ao sopé de elevadas colinas cobertas de mata em parte devastada pelo machado do lavrador.
A casa apresentava a frente às colinas. Os fundos eram ocupados por outros edifícios acessórios, senzalas, pátios, currais e celeiros.
Era por uma linda e calmosa tarde de outubro. O sol não era ainda posto.
Corria um belo tempo.
O clarão do sol poente por tal sorte abraseava as vidraças do edifício, que este parecia estar sendo devorado pelas chamas de um incêndio interior. Entretanto, quer no interior, quer em derredor, reinava fundo silêncio e perfeita tranquilidade. Parecia que ali não se achava morador algum. Somente as vidraças arregaçadas de um grande salão da frente denunciavam que nem todos os habitantes daquela suntuosa propriedade se achavam ausentes.
Ouvia-se, quebrando o silêncio da vasta e tranquila vivenda, distintamente o arpejo de um piano casando-se a uma voz de mulher. As estrofes de uma canção.
As notas sentidas e suaves daquele cantar dava vontade de conhecer a sereia, que tão lindamente cantava. Se não era sereia, somente um anjo poderia cantar assim.
Subamos os degraus, que conduzem ao alpendre. Entremos sem cerimônia. Logo à direita do corredor encontramos aberta uma larga porta,