O filme Última Parada 174 não tem como principal foco o sequestro do ônibus da linha 174 no dia 12 de junho de 2000, mas sim detalhar a vida do sequestrador, mostrando toda a sequência de acontecimentos que culminou na tragédia. O filme conta a história de dois garotos, Sandro e Alessandro, e como a forma e o ambiente em que se deu sua criação interferiram na construção de uma personalidade criminosa. Sandro, o autor do sequestro, teve a mãe assassinada quando ele ainda era uma criança. Tal fato o abalou muito e ele fugiu da casa da tia e passou a morar nas ruas. Dormia na escadaria da Candelária, onde passa a ser chamado de “Alê”. Seu processo de socialização deu-se de maneira incompleta. Sem ninguém para lhe proporcionar uma expectativa de uma vida digna, Sandro tornou-se presa fácil para o mundo das drogas e do crime. Alessandro foi tomado da mãe quando ainda era bebê, por conta de dívidas da mãe com o traficante Meleca. Alessandro foi criado por Meleca e cresceu desenvolvendo a ideia de que o crime era algo natural. Nesse caso, o seu processo de socialização deu-se de modo a criar uma personalidade completamente voltada à prática criminosa, totalmente rebelada contra a sociedade. Dessa forma, o destino dos dois jovens cruzou-se, tendo no crime a única perspectiva de sobrevivência em um mundo opressor e selvagem. Mesmo que ainda apresentem marcas de humanidade e socialização como sonhos e paixões e que existam pessoas que trabalham para minimizar o sofrimento passado pelos jovens das ruas e das favelas e fornecer uma esperança de vida digna, a cargas de traumas que esses indivíduos carregam deixam-nos numa condição de fragilidade, tendo menor capacidade de realizar as escolhas certas para suas vidas e deixando-se levar ao mundo da criminalidade. A prática criminosa é demonstrada como uma resposta à opressão sofrida pelos grupos marginalizados. O processo de socialização em condições adversas, com a