Resumo - o suplício - foucault
A prática dos suplícios era a política do medo. O suplício não restabelecia a justiça, mas reativava o poder. Todo o seu aparato se engrenava no funcionamento político da penalidade.
Todo um aparato militar cerca o suplício: sentinelas, arqueiros, policiais, soldados. Pois importa, evidentemente, impedir qualquer evasão ou ato de violência, pois em todo crime há uma espécie de sublevação contra a lei e que o criminoso é um inimigo do príncipe. A cerimônia do suplício coloca em plena luz a relação de força que dá poder à lei. O desequilíbrio entre as forças fazia parte das funções do suplício, e a justiça não faz outra coisa que estender sobre um cadáver seu teatro magnífico, a louvação ritual de suas forças.
O suplício é um cerimonial que comporta como núcleo dramático em seu desenrolar monótono, uma cena de confronto entre inimigos: é a ação imediata e direta do carrasco sobre o corpo do “paciente”. O executor não é simplesmente aquele que aplica a lei, mas o que exibe a força: é o agente de uma violência aplicada à violência do crime, para dominá-la.
Mas por trás dessa punição havia uma tradição que dizia que o condenado seria perdoado se a execução fracassasse, e que às vezes protegia um condenado que dessa maneira acabava escapando à morte.
Para fazer desaparecer tanto o costume quanto a expectativa foi necessário introduzir nas sentenças capitais instruções explícitas: “até a extinção da vida”.
Deve-se conceber o suplício como um agente político. Um sistema punitivo, em que o soberano, de