Resumo e resenha: o fetichismo na música e a regressão na audição
ADORNO, T. W. O fetichismo na música e a regressão da audição. Trad. De Roberto Schwaz. São Paulo: Abril Cultural, 1983. Nesse artigo, Adorno começa afirmando que o gosto por determinada música é julgado pelo fato da canção de sucesso ser conhecida por todos. O termo “clássica” designa as categorias da música-seria. A música de entretenimento, ao invés de entreter, contribuiu ainda mais para o silêncio dos homens. E ainda, preencheu os vazios de silêncio entre as pessoas frágeis tomadas pelo medo e cansaço. As pessoas apreciam a música ligeira e só tomam conhecimento da música séria por motivos de prestígio social. O resto da música séria é submetido à lei do consumo, pelo preço do seu conteúdo. A música clássica e ligeira são manipuladas à base das chances de venda. A música “ Music, maestro, please” obteve êxito após Toscanini ser condecorado pela opinião pública. O reino daquela vida musical é denominado de Fetiches. Nos Estados Unidos, a Quarta Sinfonia de Beethoven se perde entre as autênticas raridades. Nasce um círculo vicioso onde o mais conhecido é o mais famoso, e tem mais sucesso. Melodia é considerada como um “achado” – termo inadequado para a música considerada clássica – do compositor, já que se pode levar pra casa uma coisa comprada, assim como é atribuída ao compositor como sua propriedade legal. O campo que o fetichismo musical mais domina é o da valorização pública dada às vozes dos cantores. Atualmente, ter boa voz e ser cantor são expressões sinônimas. O cantor nem precisa dominar os recursos técnicos. Apenas que sua voz seja particularmente potente ou aguda para legitimar o renome de seu dono. Segundo Marx, a forma mercadoria devolve aos homens os caracteres sociais do seu trabalho como caracteres dos produtos desse trabalho. Trata-se do reflexo daquilo que se paga no mercado pelo produto. Podemos exemplificar quando um consumidor paga pela entrada de um concerto de Toscanini.